13 February 2012
dizem que a gente tem o que precisa.
não o que a gente quer. tudo bem. eu não preciso de
muito. eu não quero muito. eu quero mais. mais paz. mais saúde. mais dinheiro. mais poesia. mais verdade. mais harmonia. mais noites bem dormidas. mais noites
em claro. mais eu. mais você. mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na
boca. eu quero nós. mais nós. grudados. enrolados. amarrados. jogados no tapete
da sala. nós que não atam nem desatam. eu quero pouco e quero mais. quero você. quero eu. quero domingos de manhã. quero cama desarrumada, lençol, café e
travesseiro. quero seu beijo. quero seu cheiro. quero aquele olhar que não
cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é
muito quando é demais.
(caio fernando abreu)
12 February 2012
11 February 2012
09 February 2012
08 February 2012
07 February 2012
quando tá tudo indo bem,
eu sempre tenho a sensação de que alguma coisa, no fundo, tá
muito errada. sei lá, é como se um relacionamento saudável fosse impossível no
meio dessa merda toda, e quando eu não posso ver os erros, eu fico com essa
certeza de que estou sendo enganada. e fico procurando, investigando, revirando
o mundo pra encontrar os vacilos, mentiras, motivos pra terminar. percebe a
loucura? é como se ninguém pudesse me amar e ponto, de tanto colarem o adesivo
de ‘trouxa’ na minha testa, qualquer carinho me parece suspeito. percebe a
tortura? fico oscilando entre confiar e desconfiar, querendo viver uma história
leve e sempre me afundando nas minhas neuroses e cicatrizes. e homem nenhum
aguenta isso, homem nenhum percorre meu labirinto até o fim. mas como eu
poderia me entregar, sem antes saber se posso ir inteira? como posso confiar de
novo, sem saber se vai ser realmente diferente? quero alguém que rompa meus
lacres, não que me lacre mais! e sigo estragando tudo, só pra não ficar pior
depois. quando eles finalmente se cansam e caem fora porque eu sou louca de
pedra, eu fico satisfeita. volto pra fossa por um tempo, sem mistérios, já
conheço bem o lugar e a porta de saída. e penso “viu, sabia que eu tava certa”. talvez eu até esteja errada, mas que se dane. se uma pessoa não tem paciência
nem pra conquistar minha confiança e afastar meus medos, o que eu posso esperar
então? sou quebra-cabeça de 500 mil peças, quem não tiver capacidade, tenta um
jogo mais fácil. eu supero e agradeço.
(tati bernardi)
06 February 2012
05 February 2012
03 February 2012
ser chamada de boazinha,
mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos. mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas,
apressadas, é isso que somos hoje. merecemos adjetivos velozes, produtivos,
enigmáticos. as “inhas” boazinhas, bonitinhas, educadinhas, queridinhas não
moram mais aqui. foram para o espaço, sozinhas.
(martha medeiros)
02 February 2012
que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que sinto.
que a morte de tudo
que acredito não me tape os ouvidos e a boca, porque metade de mim é o grito,
mas a outra metade é o silêncio. que a música que ouço ao longe seja linda e
que a pessoa que eu amo esteja sempre amada, mesmo que distante, porque metade
de mim é partir e a outra metade é saudade. que as palavras que falo não sejam
ouvidas como prece e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas, como a única
coisa que resta numa pessoa inundada de sentimentos, porque metade de mim é o
que ouço e a outra é o que calo. que essa minha vontade de ir embora se
transforme na calma e na paz que eu mereço, que essa tensão que me corrói por
dentro seja um dia recompensada, porque metade de mim é o que penso e a outra
metade é o vulcão. que o medo da solidão se afaste e que o convívio comigo
mesmo se torne ao menos suportável. que o espelho reflita em meu rosto um doce
sorriso que eu me lembro de ter dado a minha face, porque metade de mim é
lembrança do que fui e a outra metade.. eu não sei. que seja preciso mais que
uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito, e que o teu silêncio me
fale cada vez mais, porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é
cansaço. que a arte aponte uma resposta mesmo que eu não saiba e que ninguém
atende complicar, porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer, porque
metade de mim é platéia e a outra metade é canção. que minha loucura seja
perdoada, porque metade de mim é amor e a outra.. também.
(oswaldo montenegro)
fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados…
difícil é sentir a energia
que é transmitida. aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica
quando tocamos a pessoa certa.
(carlos drummond de andrade)
01 February 2012
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