04 December 2009

estrela, estreliinha

quando eu tinha cinco anos, tomei um gosto todo especial pelos brinquedos de minha irmã. pouco importava qe eu tivesse um baú cheinho de bonecas e brinquedos só' meus. seus 'tesouros de menina grande' eram muito' mais atraentes. da mesma forma, quando eu tinha 10 anos e ela 12, os brincos e a maquiagem qe ela começaca a usar me fascinavam, transformando minha obsessão anterior em capturar insetos numa lembrança cada vez mais remota.
essa tendência continuou ano após ano e - a não ser por algumas manchas roxas e ameaças de cortes de cabelo radicais enquanto dormia - mamãe lidou com ela com tolerância, e vivia repetindo para ela, quando comecei a usar suas presílias de cabelo novas, qe aquilo era, na realidade, um elogio ao seu bom gosto.
mamãe disse-lhe, quando eu estava nos últimos anos do ensino fundamental e vestia as suas roupas, qe um diia ela acharia graça e me lembraria de que ela era a mais chique de nós duas.
eu sempre admirara o bom gosto de minha irmã, mas essa opinião chegou ao auge quando ela começou a trazer rapazes para a nossa casa. eu convivia com um desfile constante de meninos de 16 anos, passando pela sala, servindo-se de comida da cozinha ou jogando basquete na entrada da garagem.
eu percebera qe meninos não' eram tão 'eca' como eu achava e qe pegar uns germinhos deles talvez não fosse tão nojento assim. mas os garotos qe tinham a minha idade e qe me faziam dar risadinhas nos jogos de futebol de repende me pareciam jovens demais. não podiam dirigir ou usar as jaquetas do time principal da escola.
os amigos de minha irmã eram altos e engraçados. embora ela tentasse de todas as maneiras se livrar de mim, eles sempre eram simpáticos comigo, mesmo quando ela me empurrava porta afora.
de vez em quando, eu dava sorte e eles passavam lá em casa quando ela não' estava. um deles, em especial, batia longos papos comigo antes de sair para fazer as coisas qe garotos de 16 anos faziam (isso ainda era um misério para mim). ele falava comigo como falava com todo mundo e não como quem fala com uma criança, com a irmãzinha de uma amiga. . .
e sempre me dava um abraço de despedida antes de ir embora.
não foi surpresa alguma qe eu logo estivesse totalmente tonta por ele. minhas amigas diziam qe eu não' tinha a menor chance com um rapaz do terceiro ano. minha irmã parecia preocupada com a possibilidade de eu ter o coração partido. mas ninguém escolhe por quem se apaixona: se ele é mais velho ou mais novo, mais alto ou mais baixo, o seu completo oposto ou igualzinho a você. quando estava com ele, as emoções me atropelavam como uma carreta e eu sabiia qe era tarde demais para tentar ser sensata: EU ESTAVA APAIXONADA.!
isso não significava qe não me desse conta da possibilidade de rejeição. eu sabia qe estava arriscando os meus sentimentos e o meo orgulho. tinha consciência de que, se não lhe desse o meu coração, não haveria a menor possibilidade de ele o partir. . .mas também eu não correria o risco de perdê-lo.
certa noite, antes de ele ir embora, ficamos sentados na varanda da frente da casa conversando e procurando estrelas no céu. ele olhou para mim muito sério e perguntou se eu acreditava em fazer pedidos para as estrelas. surpresa, mas igualmente séria, respondi qe nunca havia tentado.
    - bem, então chegou a hora de começar - declarou, apontando para o céu. - escolha, e peça aquilo qe você mais quer.
olhei para cima e escolhi a mais brilhante qe pude achar. fechei bem os olhos e senti o que parecia ser uma colônia inteira de borboletas em revoada dentro de meu estômago. pedi coragem. abri os olhos e me deparei com seu' sorriso diante de meu intenso esforço para fazer o pedido. ele me perguntou o que eu havia pedido e, quando respondi, me pareceu perplexo:
    - coragem? para que? - indagou.
eu respondi depoiis de respirar fundo:
    -para fazer isto - e o beijei. beijei aquele rapaz de 16 anos, com carteira de motorista de jaqueta do time principal da escola. aquilo foi de uma bravura qe jamais imaginei possuir, uma força que atribuí integralmente ao meu coração - força esta que dominou a minha mente e tomou controle da situação.
quando me afastei, vi o ar de espanto em seu rosto, uma expressão que se trasformou em sorriso, e a seguir em riso. depois de procurar o que dizer durante o que me pareceram ser horas ele tomou a minha mão e declarou:
    -bem, parece que demos sorte esta noite. tanto o meu desejo quanto o seu se tornaram realidade.

histórias para aquecer o coração dos adolesentes

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