transbordar de sentimento, de paixão, de necessidade do outro. transbordar de afeto, de desejo e porque não de tesão? onde será que está a pessoa que vai me fazer transbordar novamente? pensando a mesma coisa que eu? me falam muitas vezes o quão difícil de lidar eu sou. o quão exigente para o amor, eu me tornei. e que assim eu nunca vou achar ninguém que seja o suficiente. o suficiente…. o que seria isso? elas não entendem que eu não quero apenas o suficiente, eu quero o excesso. não quero o suficiente, o limitado, o contado. parece complicado, mas é mais fácil do que se imagina. quero apenas o simples. quão difícil é achar uma pessoa que goste de ler, que goste de uma música boa, de assistir um filme coladinho, de dividir o milk shake e o último pedaço do bolo? quero o clichê do amor. namoro no portão, mãos dadas e beijos na testa. quero o simples do amor. não quero flores. quero que me mandem uma mensagem pedindo pra olhar a lua e me avisar que eu devia sair da frente desse computador e viver um pouco. quero que tenha brigas. quero que tenha amassos de reconciliação. quero um amor calmo, mas ao mesmo tempo que borbulhe. não quero nhe nhe nhe demais, quero que seja na medida, que não enjoe, que seja agridoce. quero alguém que me fale pra ficar quando eu gritar que vou embora. quero alguém que fale por horas a fio comigo sobre séries, filmes e livros. alguém que apesar de ter me visto seis horas atrás, me abrace e sussurre ”tava com saudade, pequena.” quero a sensação de ver o mar e sentir ao mesmo tempo calma e euforia, quando eu vejo alguém. quero o frio na barriga do primeiro beijo. quero a tremedeira nas pernas por causa de alguma presença. quero olhar de cinco em cinco minutos pro visor do celular e desejar que alguém me salve. quero ver as horas iguais e saber que não preciso disso para ter alguém pensando em mim. e apesar de não acreditar nisso, acreditar só por alguém. quero que meus pais me envergonhem perguntando por alguém. e que eu sorria, por saber que existe alguém mesmo. quero dedicatórias em livros, bilhetes na sacola do pão. quero olhos brilhando. mãos suando e a sensação de borboletas invadindo meu estômago. quero alguém que cante ”lucky” pra mim no violão. e acima de tudo, quero continuidade. quero respeito. não quero ser a única a me doar, muito menos a única a me doer. quero reciprocidade. quero me aceite assim como eu sou. mo meu ritmo. a c e l e r a d o, só que lento. e no final das contas, só quero a sorte de alguém querer o meu querer.
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(Luiza em ‘’Ana’’, que seja agridoce)