05 April 2011

Ficariam as marcas depois?

Sabia que sim. Nenhuma cola conseguiria apagar os sinais da queda, da quebra. Ficariam sempre as arestas, ferindo feito espinho - nem na morte a rosa se livraria de sua sina de ferir. Para sempre o sinal da junção dos pedaços, uma cicatriz fina, persistente e tortuosa, que ele acompanharia com o dedo, devagar, sem nunca encontrar a saída. Porque estava num labirinto.

 

(caio fernando abreu)